“Bazuca” vai passar ao lado do Algarve. Governo não tem dinheiro nem estratégia para a região.

Março 3, 2021

O Algarve atravessa a maior crise de que há memória. Nenhuma outra região do país sofre tamanha redução do PIB e aumento de desemprego, esta última registando acréscimos homólogos que têm oscilado entre 60% e 200 %, consoante os meses. O Algarve vive uma tragédia económica e social. Nesse sentido, aguardava-se que o Plano de Recuperação e Resiliência, vulgo bazuca, acautelasse a necessidade de intervir de modo mais robusto nos territórios em que se regista maior destruição de capacidade produtiva, sobretudo após o Governo ter abdicado do plano especifico de emergência para a região que tinha anunciado em Julho. Nada disto sucede. A saber:

Dos 13,9 mil milhões de euros previstos com execução até 2026, o Algarve beneficiará diretamente de uma fatia de 1,7 %, perto de 250 milhões de euros, muito aquém dos perto de 5% da população e da economia que detém;

Investimentos decisivos para a região foram excluídos: o Hospital Central do Algarve, a requalificação da EN-125, a ligação ferroviária ao aeroporto e a Espanha, o Porto de Portimão, apenas para citar as mais flagrantes. Tal significa que até 2026 estas intervenções não serão realidade.

Os sectores mais afligidos pela crise: turismo, restauração e comércio não têm qualquer verba prevista para a sua recuperação, facto que, numa região como o Algarve, maioritariamente dependente destas atividades, com as empresas altamente endividadas e o emprego em severo risco, é muito lesivo;

É positiva a previsão de verbas para a eficiência hídrica da região, de modo a estruturar uma resposta para as alterações climáticas;

É negativo que o documento não apresente qualquer visão de mudança para a região, alicerçada na diversificação de atividades económicas, com vista a construir uma economia mais equilibrada, socialmente mais inclusiva e estruturalmente mais responsável.

É negativo que o documento não contemple medidas para atrair investimento em sectores mais atrofiados, abdique de desenvolver áreas com potencial – como o mar, a biotecnologia, etc – nem invista em qualificar áreas já sedimentadas e que precisam de progredir na cadeia de valor.

Em suma, a “bazuca” passará ao largo do Algarve, esbanjando uma oportunidade soberana de atacar estrangulamentos crónicos e superar um paradigma de desenvolvimento que se encontra próximo do esgotamento

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